Além da Atração - Capitulo 6
Adam
Aumento o som da música em meu carro,
Elevation do U2 começa a tocar. Dedilho meus dedos contra o volante,
acompanhando a batida, alheio ao mundo a minha volta. Alguns carros a minha
frente, param no sinal vermelho, outros buzinam descontrolados como se isso
fosse adiantar alguma coisa.
Ainda com a música ressoando na minha
cabeça diminuo a velocidade e olho para a calçada, por um momento. Observo
algumas pessoas que caminham com pressa, outras parecem distraídas observando
as vitrines. Uma mulher com um livro, uma senhora equilibrando as sacolas.
Então, inesperadamente, meus olhos caem
na mulher que vem sendo meu tormento há dias. De costas para mim, andando rapidamente
em seu vestido preto e cabelos presos em uma trança frouxa.
Não paro para pensar um segundo,
direciono o carro para o meio fio e abandono-o na rua, sem incomodar-me com os
gritos e buzinas de protesto, atrás de mim. Atravesso mar de pessoas com afobação,
o medo de perdê-la de vista é latente. Vejo-a virar a esquina, entrar em uma
loja, eu sigo-a até lá.
Assim que entro, algumas mulheres me
encaram, com olhar estranho e de um jeito que de certa forma, me deixa desconfortável.
Não demorou muito para eu começar dar-me
conta dos objetos expostos ali. Lingeries sensuais de um lado, fantasias do
outro, espalhado por várias prateleiras, uma grande variedade de brinquedos
sexuais e vibradores, de todas as cores, tamanhos e formas imagináveis.
Volto a olhar as mulheres em volta, e agora
elas trazem um sorriso apreciativo em seus rostos. Sinto-me tão exposto como as
centenas de objetos eróticos ali. Inferno! Ela havia entrado em uma loja de Sex
Shop. Não qualquer loja, mas ao me ver, uma frequentado apenas por mulheres ou
em sua maioria, já que não vejo outro homem aqui, além de mim.
Sacudo a cabeça e foco em meu objetivo,
que é encontrá-la.
— Posso ajudá-lo em algo senhor? — uma
vendedora sorridente, interpela meu caminho no corredor.
— Estou procurando algo — murmuro,
impaciente.
— Para sua namorada imagino? — pergunta
ela, solicita.
— É... — respondo de forma automática.
Olho para a rua e vejo a fila de carro
começar a se formar atrás do meu. Não tenho muito tempo a perder ou terei
grandes problemas. No mínimo, uma significativa multa de trânsito.
—
Creio que temos algo que ela irá gostar, tem saído muito, um minuto.
Aproveito que ela para de tagarelar em
meus ouvidos e se afasta, deixando-me em paz outra vez e volto circular pela
loja. Ando rapidamente entre uma prateleira e outra, até que encontro-a em
frente a uma arara de peças intimas. Não sei se foi o tempo que passou, desde
que nos vimos, mas algo parece estranho, acreditei que fosse um pouco mais alta,
talvez. Minhas mãos formigam, nervosas.
— Penélope — toco-a em seus ombros e uma
jovem assustada me encara.
Inferno!
Não é a primeira vez que isso acontece
nas últimas semanas.
— Acho que está me confundido — murmura
ela, agora sorrindo, após o susto inicial — Mas eu posso ser ela se você
quiser. Na verdade, posso ser quem você quiser.
— Desculpe — murmuro, afastando-me —
Fica para uma próxima vez.
Ok. A jovem é bonita. Eu não teria
perdido a oportunidade em outra ocasião. Mas no momento, estou irritado comigo
mesmo.
— Aqui senhor — a vendedora retorna,
entregando-me uma embalagem no qual eu não dou a menor atenção — São cento e
quarenta dólares, mas garanto que vale a pena, as...
Tiro três notas de cinquenta da carteira
e entrego a ela, dizendo para que fique com o troco. Ouço algo sobre a nota,
mas em minutos, vejo-me outra vez na calçada movimentada.
Caminho de volta ao meu carro. Alguns
motoristas desviam do meu caminho, outros continuam apertar suas buzinas.
Apesar disso, nada me tira do estado de estupor a qual me encontro. Totalmente
frustrado comigo mesmo.
Jogo o pacote no banco de trás, e pondero
quantas vezes eu faria papel de idiota. O pior de toda essa situação ridícula,
é que eu apenas a beijei em uma festa, nada além disso. Provavelmente isso um corretivo,
alguma espécie de penitencia por tudo de errado que já fiz na vida. Afinal, desejar
uma mulher que jamais terei ou colocarei os olhos novamente só pode ser castigo.
Tiro o carro do ponto morno, e volto a
dirigir sem sentido pela cidade. Meia hora depois, encontro-me em frente ao
prédio da DET. Não faço mínima ideia de como fui parar ali. Mas já que estou
aqui, resolvo ir até o escritório do Neil. Talvez o que eu precise é ouvir de
uma pessoa sensata, que eu não estou ficando louco.
Assim que atravesso o saguão e, as
portas do elevador começam a fechar, outra vez, sou presenteado com outra a
imagem fantasmagórica, indo em direção a saída. Apenas de longe, admiro os
cabelos sedosos, presos em um coque rigoroso, noto a delicada blusa branca de
seda, saia preta risca de giz, que perfeitamente molda-se ao seu corpo, e o
salto agulha, que a faz parecer desfilar, como se estivesse em uma passarela.
Dessa vez a imagem é tão real e nítida,
que preciso ficar os meus pés no chão do elevador para não segui-la. E assim
que as portas se fecham, levando a imagem para longe, apoio minha cabeça contra
a parede fria, na esperança de que o frescor da parede fria, trouxesse-me de
volta a realidade.
— Oi, Aline — cumprimento-a assim que
alcanço sua mesa — Neil está?
— Olá, Dr. Crighton — ela sorri com
olhar embebecido — Acabou de sair de uma reunião. Vou anunciá-lo.
Enquanto ela fala ao telefone,
testemunho seu olhar apreciativo sobre mim. Aline nunca escondeu seu interesse
e, apesar de bonita, ela nunca despertou meu interesse como certamente almeja.
E não tem nada a ver com o fato de já ter saído com Peter, algumas vezes. Não
ligamos para essas coisas de, exclusividade. E nem o fato de Neil ter proibido
de nos envolver com suas funcionárias, coisa que Peter ignora. O que me afasta
dela é o que identifico em seus olhos. Aline procura algo mais, algo que eu
nunca poderei oferecer a ela ou qualquer outra mulher.
— Pode entrar — murmura ela, batendo os
cílios.
Normalmente eu teria falado algo
galanteador para que ela ficasse satisfeita com suas tentativas de sedução,
hoje não tenho espirito para isso. Quem sabe na saída, quando minha mente já
não fosse um amontoado de confusão.
Há semanas que não saio com uma mulher,
na realidade, desde o início do ano. Uma noite de sexo pode ser o que eu preciso.
Poderia convidá-la para um drinque mais tarde.
— Vejo você depois — pisco para ela,
antes de abrir a porta.
O sorriso empolgado e olhar entusiasmado,
fazem-me questionar se não havia sido precipitado. Ela parece uma boa garota,
não quero magoá-la, de forma alguma, entre tanto.
— Adam — Neil levanta-se para me receber
— A que devo a honra da sua visita?
Ele aponta a cadeira a minha frente.
Livro-me do terno e coloco-o em cima na cadeira, antes de me sentar.
— O que difere um homem lucido de um
homem insano? — pergunto mais para mim do que para ele.
— Filosofia a essas alturas? — Neil
sorri, e acomoda-se em sua cadeira — O que o incomoda tanto? Na verdade, quem?
— Uma mulher — murmuro, desconfortável —
Sempre é uma mulher, não é?
— Sempre — murmura ele.
Ele não é o tipo que fica questionando,
como meu irmão, Liam. Neil estará pronto para ouvi-lo desde que queira falar,
não é o caso no momento. Acredito que quanto menos eu pensar e falar sobre ela,
será mais fácil para esquecê-la.
Pego um de suas canetas em cima da mesa
e começo a brincar com ela. Mudo de assunto e iniciamos uma conversa sobre
negócios. Falamos sobre a próxima auditoria em sua empresa, sobre um caso que
acabei de vencer no tribunal, sua nova sociedade em companhia aérea e, a
proposta de Richard para investirmos em um complexo hoteleiro em Dubai.
Mas, embora falar sobre o trabalho me
acalme em boa parte do tempo, eu não dou devida atenção ao que ele fala. Sua
voz soa cada vez mais distante.
— Droga! — vocifero, pulando da cadeira ao
olhar a caneta estourar em minhas mãos, manchando minha camisa imaculadamente
branca — Posso usar seu banheiro?
— Claro — murmura ele — Fique à vontade.
Sigo direto para o lavabo, pensativo.
Sei que Neil notou que passei metade da nossa conversa ausente, apesar dele não
ter se manifestado, é impossível não notar seu olhar questionador.
Ligo a torneira e, o som da água
escorrendo pelos meus dedos, tem um efeito tranquilizador. Alguns minutos
depois, ouço vozes vindas da sala. Seco minhas mãos no papel toalha e vou em
direção a porta.
— Puro e sem açúcar — ouço a voz de Neil
quando abro a porta.
— O mesmo para mim, Charlote — informo a
secretaria dele.
Mas ao reconhecer a mulher parada a
minha frente, eu paro — estático, transtornado, confuso. Certo... Nos últimos
dias qualquer mulher parecida com ela, fizeram com que eu me comportasse de uma
forma, não muito convencional. Mas daí a confundir uma senhora de cinquenta
anos, com um jovem com metade de sua idade, é demais até para mim.
Só que quando ela vira lentamente em
minha direção e, eu me deparo com os olhos que me fizeram passar muitas noites
em claro, eu tenho a certeza de que não é um sonho ou uma alucinação.
Penélope Charmosa, linda e real, bem
diante de mim.
— Você! — sussurramos juntos.
A surpresa em seu rosto é tão aparente
quanto a minha. E em seguida, vejo a xícara em suas mãos ir ao chão. Seus
lábios abrem e fecham algumas vezes, e minha única vontade, é enfiar minha
língua dentro de sua boca, em um beijo feroz, do jeito que havia imaginado, todos
os dias.
Neil fala alguma coisa, o qual ignoro.
Caminho dois passos em direção a ela. Como se alguma força magnética nos
puxasse, um para perto do outro. Estou extasiado, eufórico, feliz, como um
garotinho.
No entanto, para refutar minha alegria
momentânea, noto o rosto dela mudar de surpreso para assustado. Não gosto
disso. Não quero que sinta medo de mim. Quero tenha as mesmas sensações e reações
que eu. Quero ver o sorriso brilhar em seu rosto lindo e, acima de tudo, quero
provar novamente esses lábios contraídos e confirmar se são tão doces como
minhas lembranças insistem em dizer.
— Desculpe Sr. Durant — seus olhos
desviam dos meus e focalizam no chão onde está a peça de porcelana — Eu vou
cuidar disso. Eu já volto.
Não! Caminho mais um passo em direção a
ela. Não vá embora. Não agora que a encontrei. Meus lábios não se movem,
parecem colados, e irritantemente nenhum som sai de minha boca. Faça alguma
coisa homem! — ordena meu cérebro, mas antes que possa emitir alguma palavra,
ela sai apressada.
— Quer com pimenta?
Ouço a voz de Neil ao longe.
— Pode ser — respondo, meu olhar e
atenção presos a porta por onde ela saiu.
— Adam! — diz ele, com mais ênfase dessa
vez — Quer mesmo café com pimenta?
— O quê? — viro para encará-lo.
— Seu café — murmura ele, com um sorriso
de deboche — Eu sei que a minha nova secretária é bonita, não há dúvidas sobre
isso.
Nova secretária? E como assim ele a acha
bonita? E toda aquela conversa sobre nunca se envolver com a staff?
— Mas você poderia disfarçar um pouco —
ele limpa a mancha imaginária em seus lábios — Está babando, literalmente.
— Sua secretária? — pergunto confuso e
ao mesmo tempo irritado com o interesse dele sobre ela — E Charlote?
— Se aposentou, lembra? — pergunta ele,
indo até o carrinho de café — Nós o convidamos para a despedida dela naquele
bar outro dia.
O que eu me lembro é que tive um dia
terrível no tribunal. Eles haviam ligado e havia muito barulho, mas a única
coisa que queria naquela noite era um longo e relaxante banho e cama. De
preferência sem sonhos perturbadores com uma certa jovem recusava-se a sair da
minha cabeça.
— Ela é sua nova secretária? — pergunto
ainda desorientado.
— Foi o que eu disse — murmura ele,
voltando para sua cadeira — O que a torna proibida para você.
— Por que está interessado nela? — vou
direto ao ponto.
— Não seja ridículo — diz ele com olhar
sério — Sabe minha política com minhas funcionárias.
— Bem essa é a sua política — murmuro
seguindo para a máquina de café — O que fazem fora daqui não é da sua conta.
— Eu só não quero ninguém chorando pelos
corredores, está bem? — murmura ele — Foi muito difícil substituir Charlote.
Apesar de Penélope ter muito a aprender é muito inteligente pode ter um futuro
promissor aqui.
Um bom advogado deve saber blefar quando
é necessário. Até que eu saiba os verdadeiros sentimentos em relação a ela, não
vou contribuir com essa disputa de homens das cavernas. Não é assim que costumo
agir. Além disso, ele tem uma vantagem que eu não tenho, está ao lado dela
todos os dias.
— Não se preocupe, Neil — dou de ombros
— Conheço suas regras chatas.
Nesse momento o telefone toca e sirvo
uma xicara de café fumegante e sem açúcar.
— Sim, Aline — murmura ele ao telefone —
Mas ela está bem? Claro... Tudo bem.
Olho para o meu relógio pergunto-me,
quantos minutos Penélope irá demorar para retornar. Os minutos se arrastam e Neil desliga o
telefone. Meu café continua intacto em minhas mãos.
— Hoje foi um dia tenso — murmura ele ao
levantar e colocar o terno — Quer sair e tomar um drinque? Ou quem sabe esticar
a noite?
— Vou declinar dessa vez — pego o terno
em cima da cadeira — Estou trabalhando em caso complicado.
Um caso muito complicado chamado
Penélope, mas isso ele não precisa saber. Em questão de trabalho, Neil sabe que
sou tão dedicado quanto ele.
— Ela não vai voltar?
— Quem? — pergunta ele, a caminho da
porta.
— Sua secretária — respondo — Disse que
voltaria para organizar essa bagunça.
Não quero parecer mais interessado do
que eu deveria, mas é quase impossível disfarçar o tom ansioso em minha voz.
— Ela já foi embora — murmura ele, antes
de girar a maçanete — Parece que não se sentia muito bem. Mas não se preocupe,
alguém da limpeza cuidará disso.
A sensação que eu tenho é de traição,
além da decepção e um gostinho do sabor da vingança, é claro. A maldita mulher
estava dando o troco na mesma moeda, saindo sem a menor explicação, exatamente
como eu fiz, naquela bendita festa.
A diferença é que eu não havia fugido,
porra! Fui ao socorro de um amigo. E eu voltei para tentar reencontrá-la, mesmo
com a certeza de que seria impossível.
O que farei agora? Hoje tinha ser a
merda de uma sexta-feira. A menos que eu fizesse alguma coisa, teria que
esperar o fim de semana todo para poder vê-la novamente.
— Até amanhã, Sr. Durant — murmura Aline
quando passamos por ela — Dr. Crighton?
— Até logo, Aline.
Ela me lança um olhar esperançoso, mas
eu ignoro e continuo andando.
— Olha, acabei de lembrar que preciso resolver
algumas coisas no setor jurídico — informo a ele, assim que alcançamos o
elevador — Falo com você depois.
— Tudo bem — murmura ele — Anne passará
o fim de semana na casa dos meus pais. Pensei em chamar os rapazes para jogar
pôquer.
— Já tenho um compromisso — esquivo
antes que a porta feche — Fica para outro dia.
Assim que as portas do elevador fecham,
eu sigo para o elevador ao lado. Vou para o departamento de Recursos Humanos. A maioria dos funcionários alí já começam a
recolher suas coisas, finalizando o dia.
— Olá, Sr. Crighton. Em que posso
ajudá-lo?
Não é surpresa para mim que a jovem saiba
meu nome, mesmo que eu não tenha a mínima ideia de quem ela seja. Meu
escritório presta acessória jurídica a DET, além disso, sou amigo do Neil, acho
que metade do prédio deve me conhecer.
— Chelsea — identifico seu nome no
crachá, pendurado em seu peito, e lanço lhe um sorriso encantador — Preciso da
sua ajuda.
— Será um prazer ajudá-lo.
— Preciso de alguns processos que urgentemente,
mas a nova secretária do Sr. Durant, levou para casa, por engano.
— Oh, que lástima — ela parece
compadecida com o problema — Penélope é nova na empresa, não deve ter feito por
mal.
— Eu tenho certeza que não fez — murmuro
com a voz suave, e apoio-me contra o balcão, com um sorriso que sei que ela
será incapaz de resistir — Poderia me dar o endereço dela?
— Não costumamos fazer isso, mas, se
caso é tão urgente assim — diz ela tom brincalhão — E afinal, o senhor não é
nenhum maníaco, devorador de mocinhas inocentes, não é mesmo?
— Não, eu não sou.
Rio da brincadeira, e me pergunto se no
fundo, não há um tom de verdade no que ela diz. Não a parte sobre ser um maníaco,
mas a do lobo mau? Bem, essa eu não garanto. Afinal, o que estou fazendo aqui?
Sim, eu quero e vou devorá-la por inteiro.
Embora pareça errado que eu esteja usando
de minha influência para encontrar alguém, que claramente, deseja distância de
mim, preciso encontrá-la logo.
E meu único pensamento ao observar o
endereço, rabiscado no pedaço de papel, é ir de encontro a ela, e exigir uma
explicação. Fugir de mim? Daquela
maneira, não foi uma atitude inteligente.
No entanto, o que estou pensando? Não
tenho o direito de exigir nada. Penélope pode estar mesmo, doente. Não parecia
bem quando saiu, às pressas. Inicialmente
atribui isso, a surpresa em me reencontrar. Mas eu poderia estar dando importância
demais a mim mesmo.
Novamente sob controle, e pensando
racionalmente, decido que a visita poderá esperar até o dia seguinte. Darei um
tempo para que ela se acostume a ideia da minha presença, definitiva, dessa vez.
Não quero que nossa relação inicie, com ela imaginando que sou um lunático e
perseguidor.
Inferno!
Que relacionamento, Adam? Eu só quero
levá-la para cama e tirá-la da minha cabeça, apenas isso. Embora seja um
pensamento machista e vulgar, é exatamente assim que me sinto, e deixaria isso enfatizado.
Além disso, ficou claro para mim, como
água, que ela também se sente atraída e que não havia me esquecido.
Amanhã, convenço-me, antes de entrar no
carro. Amanhã darei um jeito de resolver essa situação, de uma vez por todas.
— Aguenta ai companheiro — murmuro para
meu pau, que já começa a ficar animado com a ideia — Amanhã essa tortura terá
um fim.
Dizer que minha noite foi povoada de
sonhos eróticos, e que tive que levantar duas vezes na madrugada para um banho
frio, não chega nem perto, do quão tortuosa ela foi. Uma coisa é sonhar com uma
mulher misteriosa, perdida pela cidade, outra bem diferente, é ter seu endereço
e telefone. Tê-la tão perto e ao mesmo tempo tão longe.
Por volta das sete da manhã, desisto de
continuar na cama, visto minha roupa de corrida e corro pela redondeza, até
ficar sem fôlego e com câimbras nos pés. Volto para casa, tomo banho, preparo o
café. Leio o jornal que haviam deixado mais cedo. Ligo para Liam para passar o
tempo, e sou recebido por seu mau humor matutino. Ele não é sempre tão
engraçadinho como todos pensam, principalmente se está com sono ou com fome.
Falo sobre coisas banais e que o irritam bastante, esse é o meu momento de
vingança.
Encerro a ligação vinte minutos depois,
e vou para meu escritório no andar de baixo. Tento imaginar qual seria o melhor
momento para encontrá-la. Depois do almoço, quem sabe? No fim da tarde?
Por volta da uma, já estou de saco
cheio. Nem mesmos as dezenas de folhas de processos em minha mesa,
mantiveram-me ocupado. Então, saio de casa com destino certo. Vou colocá-la
contra a parede. Ou melhor dizendo contra minha cama. Na cama dela para ser
mais exato.
Pensar sobre isso durante o caminho é
uma coisa, colocar em pratica é bem diferente. Acho que já sai e entrei em seu
prédio umas três vezes. Isso parece ridículo.
Mas, alguns minutos depois estou em
rente a porta dela, tocando a campainha, levado mais pelo desejo do que pela coragem.
O que eu diria quando ela abrisse a porta.
Olá Penélope, consegui seu endereço no
RH e vim para comer você — direto, mas não acredito que seja eficaz. Toco a
campainha outra vez — nada.
E se ela tivesse um noivo ou namorado? E
se estivessem juntos nesse momento? Se
estivessem fazendo sex...
Porra! Bato na porta com meu punho. Se
antes eu desconfiei estar à beira da insanidade, agora eu tenho certeza de
estar a um passo da camisa de força. Como eu havia deixado de ser um homem controlado
e coerente para me transformar nesse ser patético?
Eu pego o celular em meu bolso, em uma
última tentativa de encontrá-la, talvez ainda esteja doente e precisando de
ajuda. Ou talvez a funcionária de Neil, houvesse me passado o endereço errado,
por engano.
Mas o som insistente dentro do
apartamento, confirma que não.
Volto para casa, irritadiço. Entro e
sigo direto para o escritório, onde fico até o anoitecer. Levado por um impulso
ridículo, ligo para o apartamento, outra vez, escuto o recado da secretária
eletrônica. Para o meu desapontamento, reconheço a voz de Charlote.
Penso novamente sobre o convite de Neil,
mas não estou com ânimo ou serei uma boa companhia está noite. E se Liam estiver presente, só irá piorar as
coisas. Ela muito bem pisar em meu calcanhar.
No fim, minha noite de sábado, resume-se
a pizza e cerveja em frente a Tv.
Mas para minha surpresa, a noite havia
sido tranquila, sem sonhos, sem suores noturnos, nada. As garrafas vazias
jogadas pelo chão, e a caixa de pizza pela metade, somadas a dor em meu pescoço,
por ter adormecido no sofá, é a explicação para o fato.
Recolho a bagunça que fiz durante a
noite e subo para tomar banho. Após me arrumar, vou para a casa dos meus pais.
Como é domingo, Katy, seu marido e as
crianças, provavelmente passarão o dia por lá. Apesar de não ser um tio muito
presente, as crianças podem ser a distração que eu preciso.
Hoje eu não agirei como o idiota do dia
anterior.
Meu problema com Penélope é sexo. E cedo
ou tarde eu resolverei essa equação.
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Como sempre maravilhoso.....
ResponderExcluirobrigada meu anjo, fico muito feliz <3
ExcluirPerfeito... Estou amando!
ResponderExcluirAh que bom Wandy fico tão feliz <3
ExcluirAnsiosa pelo próximo amoo Penélope e Adam ;)
ResponderExcluirObrigada Rose <3
ExcluirAiiiiiii...quero mais
ResponderExcluirLogo logo
ExcluirMe atualizei na história, amoooo esses personagens, vamos ver o que nos aguarda nos próximos capitulos!!!
ResponderExcluirObrigada linda <3
ExcluirOi Silvinha. Espero que você goste.
ResponderExcluirEstou gostando muito desse casal. Tinha lido os outros livros, mas esses dois estão me conquistando também. Parabéns!
ResponderExcluirBOM!BOM!BOM1
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